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sábado, 25 de outubro de 2014

Ayahuasca* Da Amazônia para o Mundo.Assuntos da primeira World Conference Ibiza 2014

Em 1852 o explorador britânico Richard Spruce trouxe ao conhecimento da ciência ocidental o uso de uma bebida ameríndia, que hoje sabemos ser amplamente distribuída na bacia amazônica. Conhecida por dezenas de nomes em várias línguas diferentes, a ayahuasca é considerada medicina sagrada pelos povos que a usam há séculos. No Peru, por exemplo, tem seu uso medicinal e ritualístico legalizado, sendo considerada patrimônio cultural e histórico.
Ao redor da segunda metade do século XX, durante a intensificação da colonização amazônica, a ayahuasca se espalhou para outras regiões do continente. No Brasil, esse conhecimento indígena foi adotado e modificado por seringueiros e exploradores que deram origem a religiões reconhecidas e regulamentadas pelo governo. Mais recentemente, o uso da ayahuasca se espalhou por meios urbanos e atingiu diversas cidades, como, por exemplo, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Lima, Santiago, Barcelona e Cidade do Cabo. Em alguns países, no entanto, ao contrário de medicina sagrada, é considerada droga, sendo inclusive proibida.
Esta expansão, iniciada no século XX, está se acelerando no século XXI, com pessoas de diversas partes, culturas e crenças buscando nos rituais com ayahuasca alívio para suas ansiedades, frustrações e dificuldades da vida moderna. Pacientes com traumas profundos, pessoas com depressão e também dependentes químicos buscam na ayahuasca soluções que não têm conseguido encontrar na medicina ocidental. Indivíduos considerados saudáveis encontram nestes rituais transcendência, iluminação, insights, criatividade e reconexão com algo que lhes parece ter sido esquecido há muito tempo. Cresce uma cultura global em torno da prática ameríndia ancestral, com a ayahuasca alcançando países da América do Norte, África, Europa e mesmo Oceania. E pessoas de todo o mundo viajam para a Amazônia com esperanças depositadas na bebida. Desta mescla cultural, emergem novas idéias, crenças, filosofias e também dificuldades desconhecidas anteriormente, com alguns relatos de problemas acompanhando os muitos casos de efeitos benéficos. Pode então o uso ritual dessa bebida causar danos a saúde? Pode o uso da ayahuasca induzir psicose, delírio, alucinações, paranoia e colocar o indivíduo em perigo?


Mas desafios aguardam também os usos não religiosos da ayahuasca, dado que o principal componente psicoativo da bebida, a N,N-dimetiltriptamina (DMT), é ilegal em todo o mundo, tendo sido classificada como perigosa, viciante e sem qualquer potencial benéfico. Entretanto, esta classificação política e jurídica, que entrou em vigor em alguns países no final dos anos 60 e rapidamente se espalhou pelo mundo todo no início dos anos 70, não tem base em evidências científicas. Nem a ayahuasca, nem a DMT, são substâncias viciantes. Ambas são de baixíssima toxicidade e tem seus potenciais benéficos cada vez mais reconhecidos por pesquisas científicas. É aqui, então, que encontramos o maior viés na maneira como as culturas ocidentais colonizadoras tratam a ayahuasca: proibição sem evidências claras de danos sérios e persistentes, mas mesmo frente a um crescente número de evidências de potenciais benéficos, a aceitação do uso ritual da ayahuasca continua enfrentando forte resistência.
Mas estas contradições, que levaram a ayahuasca de medicina sagrada a droga proibida, dificilmente serão resolvidas apenas por estudos e experimentos científicos, uma vez que que a causa do status jurídico atual da ayahuasca não decorre apenas das informações científicas. As dificuldades da sociedade contemporânea com a ayahuasca se originaram no processo colonizatório que marginalizou saberes e práticas intimamente relacionados aos estados não ordinários de consciência. Desde tempos imemoriais, estes estados são parte integral da vida comunitária na maioria das sociedades humanas, com a rara excessão da cultura industrial-capitalista hoje globalizada. Nesta cultura, qualquer estado de consciência diferente da vigília comum e dos sonhos é visto como patológico. Perseguidos e banidos de diversas formas ao longo de séculos, estes estados de consciência são hoje tema estranho ao cidadão comum e mesmo à maioria dos estudiosos da psique, da mente e do cérebro.

No que se trata destes estados de consciência, portanto, os especialistas não são os cientistas, nem os médicos, tampouco os psicólogos ocidentais com sua limitada experiência pessoal e comunitária. Os experts no caso são os curandeiros, xamãs, vegetalistas, pajés e afins. Estas pessoas recebem status privilegiado em suas próprias culturas justamente por sua experiência nos reinos não-ordinários da psique e de como utilizá-los em benefício de toda a sociedade. São estes indivíduos que detêm conhecimento profundo sobre como utilizar estas ferramentas de forma positiva, curativa e transformadora. E a abertura para o diálogo e a escuta despida de preconceitos é fundamental para o desenvolvimento de uma ciência verdadeiramente multidisciplinar sobre a ayahuasca. Portanto, serão muito bem vindos, na mesa principal da conferência, líderes de culturas tradicionalmente ayahuasqueiras como o Taita Juan Bautista Agreda Chindoy, da Colômbia, Siã Kaxinawá, chefe Huni-Kuin no Acre, Brasil e Taita Franklin Columba, curandeiro do Equador. Estes palestrantes, herdeiros diretos destes saberes ancestrais, farão um panorama dos usos centenários da ayahuasca em rituais de cura individual e como ferramenta de coerência e sobrevivência de seus respectivos grupos.
Pode então um conhecimento ancestral sobre a consciência humana ser relevante a uma sociedade globalizada, atualmente ameaçada pelos efeitos colaterais de sua própria ciência e tecnologia? Pode a ciência moderna ter se equivocado sobre aspectos fundamentais da consciência humana? Pode o uso ritual da ayahuasca nos ajudar a resgatar uma concepção mais ampla da consciência? Poderia esta expansão da consciência nos auxiliar na criação de um novo modo de pensamento que alimente atitudes mais conectadas com a realidade ecológica da qual somos parte? Pode a ayahuasca ser um instrumento na construção de um novo paradigma de desenvolvimento humano?
Buscando respostas para estas questões, e caminhando em direção a umapostersíntese coerente entre o pensamento ocidental e a sabedoria ancestral, além das palestras e diálogos, o evento contará com a projeção de MedicinaEste documentário, dirigido e produzido por Marcelo Schenberg, diretor executivo do Plantando Consciência, será exibido no festival como trabalho em fase de produção, em uma edição introdutória de 10 minutos. Outros filmes relacionados ao tema também farão parte do fórum de filmes que integra o evento, muitos ainda inéditos.
Medicina combina uma investigação do conhecimento perene, guardado por descendentes de povos ancestrais, com a disciplina acadêmica e científica. Em busca de uma síntese capaz de promover um novo paradigma não apenas na área da saúde, mas frente aos grandes mistérios da vida e morte, o filme trata de uma nova forma de se estar no mundo.

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Sou uma mensageira do meu tempo, estudei música teatro medicina jornalismo e história; conheci o mestre Juan -em Teatro Buenos Aires- aprendi a desaprender tudo isso e a me reconectar com a fonte; com a #linguagemdascores, a lógica do Cosmos e a Cosmologia xamánica, vem para condensar toda essa experiencia; hoje calculo mapas cosmológicos, guio reprogramações e analiso jogos de pedras como terapia. Aplico todos estes conhecimentos no Planetas Studio, virtual e presencialmente; vivencio a transformação!

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